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6 - VERBO


109

b) construir e seu grupo:
Pres. ind. : construo, construis (ou constróis), construi (ou constrói),
construímos, construis, construem (ou constroem).
Imper. afirm. : construi tu (ou constrói).
Assim se conjugam desconstruir, destruir, estruir, reconstruir.

c) entupir e desentupir:
Pres. ind. : entupo, entupes (ou entopes), entupe (ou entope), entupimos,
entupis,entupera (ou entopem).
Imper. afirm. : entupe (ou entope), entupi.

OBSERVAÇÃO: O o das formas abundantes é de timbre aberto.

d) haver:
Pres. ind. : hei, hás, há, havemos (ou hemos), haveis (ou heis), hão.
Imper. afirm. : há, havei.

e) ir:
Pres. ind. : vou, vais, vai, vamos (ou imos), ides (is é forma antiga), vão.

f) querer e requerer:
Pres. ind.: quero, queres, quer (ou quere), queremos, quereis, querem,
requeiro, requeres, requer (ou requere), requeremos, requereis, requerem.

Quere e requere são formas que só têm curso em Portugal; quere é criação
recente (séc. xix-xx, sem adoção geral) e requere é forma já antiga na língua,
sendo requer de data recente.

g) valer:
Pres. ind. : valho, vales, vale (ou val), valemos, valeis, valem.
Val é forma antiga e ainda hoje corrente, maxime em Portugal.

h) imperativo dos verbos em -zer, -zir.
Podem perder o -e na 2.a pessoa sing.: faze tu (ou faz); traduze tu (ou
traduz).
São freqüentíssimos os exemplos literários com os verbos dizer, fazer,
trazer
e traduzir.

i) particípio de numerosos verbos.
Existe grande número de verbos que admitem dois (e uns poucos até três) particípios: um regular, terminado em -ado (1.a conjugação) ou -ido
(2.a e 3.a conjugação, cf. pág. 113), e outro irregular, proveniente do latim ou de nome que passou a ter aplicação como verbo. Eis uma relação dessas formas duplas de particípio, indicando-se entre parênteses se ocorrem com a voz ativa ou passiva, ou com ambas:

Infinitivo Particípio regular Particípio irregular
aceitar aceitado (a., p.) aceito (p.), aceite (p.)
assentar assentado (a., p) assento (p.), assente (p.)
entregar entregado (a., p.) entregue (p.)
enxugar enxugado (a., p.) enxuto (p.)
expressar expressado (a., p.) expresso (p.)
expulsar expulsado (a., p.) expulso (P.)
fartar fartado (a., p.) farto (P.)
findar findado (a., p.) findo (P.)
ganhar ganhado (a., p.) ganho (a., p.)
gastar gastado (a.) gasto (a., p.)
isentar isentado (a.) isento (p.)
juntar juntado (a., P.) junto (a., P.)
limpar limpado (a., P.) limpo (a., p.)
matar matado (a.) morto (a., P.)
pagar pagado (a.) pago (a., p.)
salvar salvado (a., P.) salvo (a., P.)
acender acendido (a., p.) aceso (P.)
desenvolver desenvolvido (a., P.) desenvolto (a., p.)
eleger elegido (a.) eleito (a., P.)
envolver envolvido (a., p.) envolto (a., p.)
prender prendido (a., p.) preso (p.)
suspender suspendido (a., p.) suspenso (p.)
desabrir desabrido desaberto
erigir erigido (a., p.) erecto (p.)
exprimir exprimido (a., P.) expresso (a., p.)
extinguir extinguido (a., p.) extinto (p.)
frigir frigido (a.) frito (a., p.)
imprimir imprimido (a., P.) impresso (a., p.)
inserir inserido (a., p.) inserto (a., p.)
tingir tingido (a., p.) tinto (p.)




OBSERVAÇÕES :

1.a) Em geral emprega-se a forma regular, que fica invariável com os
auxiliares ter e haver, na voz ativa, e a forma irregular, que se flexiona em gênero
e número, com os auxiliares ser, estar e ficar, na voz passiva.

Nós temos aceitado os documentos.
Os documentos têm sido aceitos por nós.

Há outros particípios, regulares ou irregulares, que se usam indiferentemente na
voz ativa (auxiliares ter ou haver) ou passiva (auxiliares ser, estar, ficar), conforme se assinalou entre parênteses.

2.a) Há una poucos particípios irregulares terminados em -e, era geral de introdução recente no idioma: entregue (o mais antigo), aceite, assente,
empregue (em Portugal).

Locução verbal. Verbos auxiliares. - Chama-se locução verbal a combinação das diversas formas de um verbo auxiliar com o infinitivo, gerúndio ou particípio de outro verbo que se chama principal:
hei de estudar, estou estudando, tenho estudado
.

Muitas vezes o auxiliar empresta um matiz semântico ao verbo principal, dando origem aos chamados aspectos do verbo.
Entre o auxiliar e o verbo principal no infinito pode aparecer ou não uma preposição (de, em, por, a, para). Na locução verbal é somente o auxiliar que recebe as flexões de pessoa, número, tempo e modo:
haveremos de fazer, estavam por sair, iam trabalhando, tinham visto.


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Várias são as aplicações dos verbos auxiliares da língua portuguesa:

1 - ter, haver (raramente) e ser (mais raramente) se combinam com o particípio do verbo principal para constituírem novos tempos, chamados compostos, que, unidos aos simples, formam o quadro completo da conjugação da voz ativa. Estas combinações exprimem que a ação verbal está concluída.

Temos nove formas compostas:

Indicativo

a) pretérito perfeito composto: tenho ou hei cantado, vendido, partido;
b) pretérito mais-que-perfeito: tinha ou havia cantado, vendido, partido;
c) futuro do presente composto: terei ou haverei cantado, vendido, partido;
d) futuro do pretérito composto: teria ou haveria cantado, vendido, partido;

Subjuntivo

e) Pretérito Perfeito: tenha ou haja cantado, vendido, partido;
f) Pretérito mais-que-perfeito : tivesse ou houvesse cantado, vendido, partido;
g) futuro composto: tiver ou houver cantado, vendido, partido;

Formas nominais

h) infinitivo composto: ter ou haver cantado, vendido, partido;
i) gerúndio composto: tendo ou havendo cantado, vendido, partido.

O verbo ser só aparece em combinações que lembram os depoentes latinos, sobretudo com verbos que denotam movimento:

"Os cavaleiros eram partidos caminho de Zamora" (A. F. de Castilho, Quadros Históricos, 1, 101).
Era chegada a ocasião da fuga.
São passados
três meses.

2 - ser, estar, ficar se combinam com o particípio (variável em gênero e número) do verbo principal para constituir a voz passiva (de ação, de estado e mudança de estado): é amado, está prejudicada, ficaram rodeados.

3 - os auxiliares acurativos se combinam com o infinitivo ou gerúndio do verbo principal para determinar com mais rigor os aspectos do momento da ação verbal que não se acham bem definidos na divisão geral de tempo presente, passado e futuro:

a) início de ação: começar a escrever, por-se a escrever, etc.;
b) iminência de ação: estar para (por) escrever, etc.;
c) desenvolvimento gradual da ação; duração: estar a escrever, andar escrevendo, vir escrevendo, ir escrevendo, etc.

OBSERVAÇÃO: No Brasil prefere-se a construção com gerúndio (estar escrevendo), enquanto em Portugal é mais comum o infinitivo (estar a escrever)


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d) repetição de ação: tornar a escrever, costumar escrever (repetição
habitual), etc.;
e) término de ação: acabar de escrever, cessar de escrever, deixar de escrever, parar de escrever, vir de escrever, etc.

Vir de + infinitivo é construção antiga no idioma e valia por voltar de (ou
chegar) + infinitivo: "De amor dos lusitanos encendidas / Que vêm de descobrir o novo mundo" (Camóes, Lusíadas, lX, 40).

Depois passou a significar acabar de + infinitivo e, porque em francês ocorre emprego semelhante, passou a ser, neste sentido, condenado como galicismo pelos gramáticos: "eu, aos doze anos, vinha de perder meu pai" (Camilo apud H. GRAÇA, Factos da Linguagem, 462).

4 - os auxiliares modais se combinam com o infinitivo ou gerúndio do verbo principal para determinar com mais rigor o modo como se realiza ou se deixa de realizar a ação verbal:

a) necessidade, obrigação, dever: haver de escrever, ter de escrever, dever escrever, precisar (de) escrever, etc.

OBSERVAÇÃO: Em vez de ter ou haver de + infinitivo, usa-se ainda, mais
modernamente, ter ou haver que + infinitivo: Tenho que estudar. Neste caso, que, como introdutor de complemento de natureza nominal, funciona como verdadeira preposição.
Não se confunda este que preposição com o que pron. relativo em construções do tipo: nada tinha que dizer, tenho muito que fazer, etc. Para esta última linguagem, ver o que se disse na pág. 245.

b) Possibilidade ou capacidade: poder escrever, etc.
c) vontade ou desejo: querer escrever, desejar escrever, odiar escrever, abominar escrever, etc.
d) tentativa ou esforço: buscar escrever, pretender escrever, tentar escrever, ousar escrever, atrever-se a escrever, etc.
e) consecução: conseguir escrever, lograr escrever, etc.
f) aparência, dúvida: parecer escrever, etc.
g) movimento para realizar um intento futuro (próximo ou remoto): ir escrever, etc.
h) resultado: vir a escrever, chegar a escrever, etc.

Vir a + infinitivo de certos verbos tem quase o mesmo sentido do verbo
principal empregado sozinho: Isto vem a traduzir a mesma idéia (= isto por fim traduz a mesma idéia).

Vir a ser pode ainda ser sinônimo de tornar-se: Ele veio a ser famoso.

NOTA FINAL - Nem sempre a aproximação de dois ou mais verbos constitui
uma locução verbal; a intenção da pessoa que fala ou escreve é que determinará a existência da locução. "Por exemplo, na frase: queríamos colher rosas, os verbos queríamos colher constituirão expressão verbal se pretendo dizer que queríamos colher rosas e não outra flor, sendo rosas o objeto da declaração. Se, porém, pretendo dizer que o que nós queríamos era colher rosas e não fazer outra cousa, o objeto da declaração é colher rosas e a declaração principal se contém incompletamente em queríamos" (José
OITICICA, Manual de Análise, 202-203).


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Auxiliares causativos e sensitivos. - Assim se chamam os verbos
deixar, mandar, fazer e sinônimos (causativos) e ver, ouvir, olhar, sentir
e sinônimos (sensitivos) que, juntando-se a infinitivo ou gerúndio, não formam locução verbal, mas, muitas vezes, se comportam sinteticamente como tal.

Elementos estruturais do verbo: desinências e sufixos verbais. - Ao
radical do verbo, que é o elemento que encerra a sua significação, se juntam as formas mínimas chamadas desinências para constituir as flexões do verbo, indicadoras da pessoa e número, do tempo e modo.

Chama-se vogal temática aquela indicadora da conjugação:

1.a a : cant-a-r
2.a e : vend-e-r
3.a i: part-i-r

A vogal temática presa ao radical constitui o tema:
canta-r, vende-r, parti-r.

Nem todas as formas verbais possuem a vogal temática, como, por exemplo, a 1.a pessoa singular do presente do indicativo e do subjuntivo.
As vogais e e a em cant-e, vend-a, part-a são desinências temporais (veja
abaixo). Outras vezes a vogal temática sofre variação: o a passa a e no pret. perf. do ind. da 1.a conj. em contato com i, e passa a o em contato com u; cant-ar, cant-e-i, cant-o-u; o e passa a i no pret. imperfeito do ind.
e particípio da 2.a conjugação: vend-e-r, vend-i-a, vend-i-do. A vogal
temática i da 3.a conjugação passa a e quando átono, no pres. ind. (2.a e 3.a
sing. e 3.a plural) e imperativo (2.a p.): part-e-s, part-e, part-e-m, part-e :
se é tônico, nos mesmos casos, funde-se com o i da desinência is da 2.a
pessoa do plural: partis por part-i-is.

O tema é a parte da palavra pronta para receber o sufixo ou a desinência.
Sufixo verbal é o que entra na formação dos verbos derivados: salt-it-ar, real-iz-ar, etc. (Cf. pág. 180).

As desinências modo-temporais são:

a) va (ve) caracteriza o imperfeito do indicativo da 1.a conjugação:
canta-va (1);

(1) Pomos entre parênteses a variante do morferna ou alomorfe. (V. pág. 210).


b) -a- (e), variação do anterior, caracteriza o imperfeito do indicativo da 2.a e 3.a conjugação:
devi-a, parti-a;

c) -ra- (re) átono caracteriza o mais-que-perfeito do indicativo:
canta-ra, vende-ra, parti-ra; cantá-reis;

d) -sse caracteriza o imperfeito do subjuntivo: canta-sse, vende-sse, parti-sse;
 


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e) -ra- (re) tônico caracteriza o futuro do presente: canta-re-i, canta-rá-s, canta-rã-o, deve-re-i; parti-re-i;
f) -ria- (rie) caracteriza o futuro do pretérito: canta-ria, deve-ria, parti-ria;
9) -e- caracteriza o presente do subjuntivo da 1.a conjugação: cant-e;
h) -a- caracteriza o presente do subjuntivo da 2.a e 3.a conjug.: vend-a, part-a;
i) -r- caracteriza o futuro do subjuntivo: canta-r, vende-r, parti-r.


OBSERVAÇÕES:
1.a) Nem todas as formas verbais se apresentam com desinências e vogal temática.
2.a) As características temporais terminadas em -a (imperf., m.-q.-Perf.
do ind. e futuro apresentam esta vogal alterada em e na 2.a pessoa do plural, graças ao contato com a desinência pessoal -is que provoca a ditongação eis: eu cantava, vós cantáveis; eu devia, vós devíeis; eu partia, vós partíeis; eu cantara, vós cantáreis; eu cantaria, vós cantaríeis).

O mesmo ocorre com a 1.a pess. do fut. do presente: cant-a-re-i.

3.a) As desinências pessoais (cf. abaixo) do pretérito perfeito servem, por acumulação, para caracterizar o tempo do verbo.

As desinências número-pessoais são:

SINGULAR 1.a Pessoa: -,
-o (só no pres. ind.),
-i (sá no pret. perf. do
ind. e futuro do presente) (1)
  2.a pessoa: -s, -es (só no fut. do subj. e inf. flex.),
-ste (só no pret. perf. do ind.)
  3.a pessoa:  -,
-u (só no pret. perf. do ind.)
     
PLURAL 1.a pessoa: -mos
  2.a pessoa: -is -des (só no fut. do subj., ínf. flex. e pres. do
ind. de alguns verbos irregulares),
-stes (só no pret. perfeito do ind.),
-i (no imperativo)
  3.a pessoa: -m (indica que a vogal precedente é nasal),
-em (só no futuro do subj. e inf. flex.),
-ram (só no pret. perfeito do indicativo)

(1) O travessia indica ausência de desinência.



Observações sobre as desinências número-pessoais.

1.a pessoa do singular: geralmente falta a desinência de 1.a pessoa do singular, exceto no presente do indicativo, onde aparece a desinência -o:
cant-o, vend-o, part-o

No pretério perfeito do indicativo e futuro do presente aparece a desinência -i:
cante-i, vend-i, part-i
canta-re-i, vende-re-i, parti-re-i

2.a pessoa do singular: a desinência é -s; no futuro do subjuntivo e infinitivo aparece -es e no pretérito perfeito do indicativo -ste :
cant-a-s, cant-a-r-es, cant-a-ste.
vend-e-s, vend-e-r-es, vend-e-ste.
part-e-s, part-i-r-es, part-i-ste.
 


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